Diretor de Ensino da Marinha, o Almirante Leonardo Puntel apresenta, nesta entrevista, as diversas oportunidades de ingresso na gorporação e das vantagens de seguir a carreira militar.
Por
Renato Deccache - renato.deccache@folhadirigida.com.br
Almirante
Leonardo Puntel falou sobre as vantagens que a carreira militar pode
trazer
Para quem
sonha ingressar na Marinha, a hora é agora. Ao longo de julho, a
corporação divulgou vários de seus editais. Com exceção do
concurso de admissão às Escolas de Aprendizes Marinheiros, que já
tiveram suas inscrições encerradas, há outras várias
oportunidades de iniciar carreira na instituição.
No
próximo dia 31 de julho, terminam as inscrições dos processo
seletivos para o Quadro Técnico do Corpo Auxiliar e para os Quadros
Complementares de Oficiais. Nas seleções para ingresso no Corpo de
Fuzileiros Navais, na Escola Naval, no Colégio Naval e no Corpo de
Saúde, o prazo termina em agosto, em diferentes datas.
Profissionais
podem atuar com os mais sofisticados equipamentos
Em
agosto, por sinal, terá início o prazo de inscrições para o
concurso do Quadro Técnico de Praças da Armada, uma das novidades
deste ano. O processo busca selecionar jovens com formação de nível
técnico nas áreas de Mecânica e Eletrotécnica para atuar em um
dos projetos mais estratégicos da Marinha: a construção e operação
de um submarino nuclear, produzido com tecnologia nacional.
Segundo o
almirante Leonardo Puntel, diretor de ensino da Marinha, quem sonha
em seguir a carreira militar tem várias oportunidades na Marinha. E,
também, uma série de atrativos. “Uma das vantagens comparativas
que a Marinha tem é a chance de atuar em um local de trabalho de
muito bom ambiente, muito saudável e de um companheirismo muito
grande”, destacou o almirante.
Nesta
entrevista, ele fala sobre os atrativos da carreira militar, alguns
dos benefícios a que os profissionais que atuam na Marinha têm
direito, projetos estratégicos e apresenta, com detalhes, um dos
aspectos mais valorizados por quem opta ingressar nos quadros da
corporação: as possibilidades de ascensão profissional.
“A
Marinha possui planos de carreira muito bem definidos. Tanto para os
oficiais quanto para os praças. Quem entra para Marinha sabe
exatamente o que vai acontecer nos 30 anos em que ficamos na ativa.
Todos os passos são muito bem preparados e planejados, não só em
termos de tempo de serviço, como em ascensão funcional por postos
de graduação”, destacou o almirante Leonardo Puntel.
FOLHA
DIRIGIDA — Quais os atrativos para um jovem, atualmente, ingressar
na carreira militar?
Almirante
Leonardo Puntel — São vários. A Marinha hoje tem um grande leque
de opções de ingresso. Há oportunidades para formados na
universidade, em diversos tipos de profissão. E também há
possibilidade para jovens com nível de escolaridade menor. Por
exemplo, o jovem que terminou o ensino fundamental pode entrar para o
Colégio Naval, que, este ano, oferece 235 vagas para cursar o ensino
médio. Após três anos no Colégio Naval, já alunos da Marinha,
eles têm acesso direto à Escola Naval, na cidade do Rio de Janeiro,
onde fazem um curso de quatro anos. Após esta formação, o jovem é
declarado guarda-marinha e, depois de um ano neste posto, é nomeado
segundo-tenente. Então, é um leque muito bom e grande de opções
para que o nosso jovem possa entrar.
Imagem
de formatura de alunos em escola da Marinha: fazer carreira na
corporação é sonho de milhares de jovens em todo o país.
— No
curto prazo, uma das vantagens é a remuneração inicial, que, na
maior parte dos casos, está acima da média do mercado. E no longo
prazo: quais são os benefícios de seguir a carreira militar?
É muito
importante a pessoa ter vocação, ou seja, realmente querer ser um
militar da Marinha, estar em contato com atividades ligadas ao mar.
Uma das vantagens comparativas que a Marinha tem é a chance de atuar
em um local de trabalho de muito bom ambiente, muito saudável e de
um companheirismo muito grande. Claro, as questões salariais, a
segurança no emprego, serviço público federal, todas estas são
vantagens comparativas, mas é sempre satisfatório desenvolver uma
atividade muito boa, em um bom ambiente, que tenha um clima de
companheirismo, onde seja possível realizar trabalhos interessantes.
O caso dos médicos é um bom exemplo. Temos o Hospital Naval
Marcílio Dias, que é de referência, com excelentes equipamentos,
todos de última geração, e com clínicas de todas as
especialidades médicas. Esse, definitivamente, é um bom ambiente de
trabalho para um médico, onde ele pode desenvolver bem suas
capacidades profissionais.
— Além
do bom ambiente de trabalho, que o senhor destacou, há outros
benefícios?
Além da
assistência médica e odontológica que garantimos nos hospitais e
da estabilidade e aposentadoria integral, existe a possibilidade de
aperfeiçoamento na carreira. A Marinha oferece vários cursos,
inclusive no exterior. O aluno pode movimentar-se por diferentes
Estados, conhecer outras culturas, enfim, é um crescimento pessoal.
É muito interessante poder servir na Amazona, no litoral nordestino,
no Sul do país, na área do Mato Grosso, no Pantanal Matogrossense,
entre outras regiões. Existe uma amplitude muito interessante de
atividades e regionais e a Marinha efetivamente promove isso. No caso
de um jovem que acabou o curso da Escola Naval, por exemplo, a
primeira viagem de longa duração que faz é justamente uma de seis
meses de convivência fora do país. Ele passa por países da Europa,
África, até a América do Norte e América do Sul, travando contato
com militares de outros países. Ele já tem esse contato com o
mundo, o que também é uma ferramenta importante para a Marinha:
levar a nossa bandeira a outros oceanos, outros países, outros
povos, outras culturas.
— A
Marinha tem um plano de carreira. Pode nos explicar como ele
funciona? Há possibilidades de ascensão por tempo de serviço? E
por formação acadêmica?
A Marinha
possui planos de carreira muito bem definidos, tanto para os oficiais
quanto para os praças. Quem entra para Marinha sabe exatamente o que
vai acontecer nos 30 anos em que ficamos na ativa. Todos os passos
são muito bem preparados e planejados, não só em termos de tempo
de serviço, como em ascensão funcional por postos de graduação.
Ao longo do período de serviço ativo, é necessário que militar,
oficial ou praça, faça diversos cursos. São eles que efetivamente
vão preparar o militar para novas funções, para novas
responsabilidades e também para as promoções. Então o marinheiro
sabe que terá que fazer um curso de especialização para virar
cabo; depois, como cabo, tem que fazer um curso de aperfeiçoamento
para ser promovido a sargento; depois, como sargento, ele faz outro
curso de ascensão para ascender a suboficial, e assim por diante.
Médicos
encontram ótima infraestrutura para trabalhar na Marinha
Poderia
nos exemplificar com o caso do aprendiz de marinheiro?
Após o
curso de formação, o estudante é nomeado marinheiro. A partir daí,
fica três anos na função e faz um curso de especialização
técnica. Ele pode escolher entre diversas áreas. Esse curso dura
geralmente um ano e logo depois, o militar é promovido a cabo. Neste
posto, ele fica seis anos, para depois fazer um curso de formação
de sargentos e um curso de aperfeiçoamento, também técnico. Se, lá
no início, ele escolheu Eletrônica, irá se aperfeiçoar nesta
área, ganhando mais qualificação. E aí ele é promovido a
terceiro-sargento. Fica, em média, cinco anos neste posto, e depois
é promovido a segundo-sargento. Após um período, ele passa a
primeiro-sargento. Para ser promovido a suboficial, último posto da
carreira de Praças, é preciso fazer um curso de habilitação. A
mesma coisa vale para a carreira de oficiais. Ela começa no posto de
guarda-marinha e, após um período, o militar é nomeado
segundo-tenente, fica dois anos e faz um curso de aperfeiçoamento.
Depois, como capitão-tenente, faz um curso de Estado Maior para
oficiais intermediários. Em seguida, como capitão-de-corveta, faz
um curso de Estado Maior para oficiais superiores; A seguir, é
promovido a capitão-de-fragata; No posto seguinte, como
capitão-de-mar-e-guerra, tem de fazer outro curso de Política e
Estratégia Marítima para chegar a almirante. Então cada posto tem
um curso a realizar e um tempo mínimo para a promoção. Isso está
muito bem previsto tanto no plano de carreira para oficiais, como no
de praças.
Qualidade
é a marca das escolas da Marinha
Há
possibilidade de um militar passar de um plano para outro, por
concursos internos?
Sim.
Existe, por exemplo, a possibilidade de um sargento se tornar
oficial, essa é uma característica bem interessante da nossa
carreira. Como sargento, em determinado momento, ele pode fazer um
concurso interno para o quadro de oficiais, ascender dentro das vagas
alocadas e seguir carreira até capitão-de-mar-e-guerra.
— Este
ano, a Marinha realiza seu primeiro concurso de admissão para o
Quadro Técnico de Praças da Armada. Qual a importância destes
profissionais para os planos da Marinha, nos próximos anos?
Esse
concurso para o Quadro Técnico de Praças da Armada visa
especificamente ao serviço em submarinos. O Brasil está com um
plano muito importante, que é a construção de um submarino
nuclear, já em processo. Antes dele, no entanto, está prevista a
construção de quatro submarinos convencionais, de projeto francês.
Só em seguida será construído o submarino nuclear de projeto
totalmente nacional, não só o casco, mas também sua propulsão.
Neste submarino, não haverá armamento nuclear. Nosso programa visa
apenas à propulsão nuclear. E nossos submarinistas terão um
desafio muito interessante, de operar e manter um submarino nuclear,
o que poucos países têm.
Quais os
primeiros passos para os que ingressarem nesse Quadro Técnico de
Praças da Armada?
É
importante ressaltar que este é um praça que não vai entrar como
marinheiro. Ele já ingressará na hierarquia da Marinha como
terceiro-sargento. Como ele já tem formação de técnico de ensino
médio, fará um curso de formação de cerca de seis meses e, ao
final, será nomeado terceiro-sargento. Nestes primeiros seis meses,
ele terá toda a formação necessária para o futuro sargento, nos
aspectos militares, de liderança, entre outros. Após este curso de
formação, ele ingressará em outro curso, bastante técnico, para
adequar a formação que trouxe da vida civil às demandas da área
em que vai atuar. Por exemplo, um jovem que tenha o curso de
eletrotécnica, ele vai ter, após o curso de formação de
sargentos, de aprimorar seu conhecimento técnico em um curso também
de aproximadamente seis meses, voltado para a eletrotécnica naval,
mais especificamente para a eletrotécnica no submarino. Neste
segundo curso já não terá nenhuma carga horária de militarização.
Atividades
dinâmicas fazem parte do dia a dia
— A
Marinha tem procurado trabalhar a expressão oral entre seus
profissionais. Por que a corporação considera relevante este tipo
de qualificação?
Nosso
sargento chefia grupos de trabalho na operação, na manutenção. E
é muito importante para ele ter o conhecimento não só da expressão
oral, como da escrita. Até porque, na medida em que o militar sobe
na carreira, passa a ter mais responsabilidades e liderança em
grupos chefia. E as atividades de liderança requerem um bom
conhecimento destas habilidades. Afinal, relatórios precisam ser
feitos, instruções devem ser emanadas e escritas. E isso,
efetivamente, em todos os níveis, é exigido. Então, é importante
que existam esses cursos em nossas escolas de formação.
Alunos
da Escola Naval, em um veleiro
— A
Marinha tem se destacado por abrir oportunidades para as mulheres em
diversos campos. Qual a importância desta abertura e que
contribuições ela trouxe para o desenvolvimento de projetos?
A
contribuição das mulheres tem sido muito grande, sem dúvida. A
Marinha foi a primeira instituição federal brasileira a admitir
mulheres. Em 1980, elas foram inseridas nos processos seletivos e, em
1981, começou a primeira turma, não só de oficiais, mas também de
praças. E até hoje, formamos as mulheres e com um sucesso muito
grande. As mulheres realmente integraram bastante e contribuíram
muito, lado a lado com os homens, nas mais diversas especialidades.
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Fonte:
Jornal Folha Dirigida – Período: 26 de julho a 1º de agosto de
2012
<http://www.folhadirigida.com.br/fd/Satellite/educacao/entrevistas/Oportunidades-de-sucesso-e-ascensao-na-Marinha-do-Brasil-2000018760471-1400002102372
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