terça-feira, 12 de junho de 2012

Batalha Naval do Riachuelo

 
No dia 12 de junho de 2012, às 10 horas, a Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina realizou a cerimônia militar alusiva ao 147º aniversário da Batalha Naval do Riachuelo – Data Magna da Marinha.


A cerimônia teve por objetivo enaltecer a vitória da Esquadra Brasileira em 11 de junho de 1865 na Batalha Naval do Riachuelo, promoção de graduados, declaração a Grumete, com troca da fita dos Aprendizes-Marinheiros da Turma Echo-SC/2012, entrega de Medalha Militar e transferência de militares para a reserva remunerada. 

O evento contou com a presença do General-de-Brigada BRASIL, Comandante da 14ª Brigada de Infantaria Militar; do Capitão-de-Mar-e-Guerra LISBÔA, Capitão dos Portos de Santa Catarina; do Coronel(Av) HARDT, Comandante da Base Aérea de Florianópolis; autoridades civis e militares catarinenses.


Como parte integrante do evento foram lidas a Ordem do Dia do Comandante da Marinha e a Mensagem da Presidenta da República:

COMANDANTE DA MARINHA


BRASÍLIA, DF.
Em 11 de junho de 2012.

ORDEM DO DIA Nº 2/2012

Assunto: 147º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo - Data Magna da Marinha

Comemoramos, hoje, na Data Magna da Marinha, um dos fatos mais relevantes da história: o triunfo na Batalha Naval do Riachuelo, que concorreu, decisivamente, para o desfecho favorável aos aliados, na Guerra da Tríplice Aliança. Entretanto, para podermos compreender a importância dos eventos acontecidos naquele 11 de junho de 1865, é necessário voltarmos no tempo.

Quando o Brasil foi levado a participar daquela campanha, por ter seu território invadido, não possuíamos navios adequados a um teatro de operações fluvial, no qual, obrigatoriamente, teríamos que navegar próximo das margens e em águas mais rasas. Além do mais, estávamos tecnologicamente defasados em relação aos progressos já alcançados na época.

Após a difícil participação na retomada da cidade argentina de Corrientes, lindeira ao Rio Paraná, as unidades brasileiras, comandadas pelo Chefe-de-Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva, estavam fundeadas, na noite de 10 de junho, nas proximidades daquela localidade.

No amanhecer do dia seguinte, foi avistada a Esquadra oponente, com oito embarcações e seis chatas artilhadas rebocadas, que se aproximava a montante. Mais adiante, na margem esquerda, muitos de seus soldados e canhões haviam sido estrategicamente posicionados e aguardavam, sorrateiramente, o momento de entrar em ação. Era dessa maneira que o inimigo pretendia romper a obstrução, por nós imposta, em sua principal via de abastecimento.

Prontamente, o Almirante Barroso ordenou o suspender de seu Grupo-Tarefa! A bordo do Capitânia, a Fragata “Amazonas”, demonstrando a sua inegável aptidão de líder, conduziu seus homens para o marcante confronto, cujo desenrolar produziu atos de bravura e coragem que são, permanentemente, lembrados e cultuados.

Os adversários, com o apoio do armamento camuflado em terra, conquistaram uma vantagem inicial. Às 12 horas, tínhamos duas belonaves encalhadas e a Canhoneira “Parnaíba” havia sido dominada, apesar da tenaz resistência oferecida pela sua tripulação, da qual faziam parte os Guarda-Marinha Greenhalgh e Imperial Marinheiro Marcílio Dias, heróis que tombaram em combate, como muitos outros.

Em seguida, é hasteado o célebre sinal “O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER!”, que se imortalizou por representar a inabalável crença daqueles que são capazes de doar a vida pela Pátria.

A partir daí, ocorreu um rápido embate e, após, junto à foz do Riachuelo, pequeno afluente do Paraná, em trecho de difícil navegação, travou-se o engajamento cruel, sangrento e decisivo.

O Almirante Barroso, após ter descido o rio, retornou ao local da acirrada luta e, em corajosa iniciativa, abalroou, com o seu Capitânia, três barcos oponentes e uma chata, pondo-os a pique, e invertendo o quadro desfavorável da disputa.

Finalmente, o sinal “SUSTENTAR O FOGO QUE A VITÓRIA É NOSSA” é envergado no mastro principal da Fragata “Amazonas”. O êxito era definitivo, com o inimigo batendo em retirada! Dessa forma, foi garantido o bloqueio das vias fluviais, através das quais fluía o apoio logístico do adversário, obrigando-o a assumir uma postura defensiva.

A contundente atuação daqueles combatentes, com desprendimento e vigor, sobrepujou a deficiência dos meios, permitindo-lhes superar todos os óbices que se apresentaram, a fim de cumprir a missão confiada.

A dissuasão é o principal instrumento dos Estados que prezam a paz. Se, em 1865, estivéssemos adequadamente equipados e preparados para preservar a soberania do País, com certeza teríamos contribuído, mais efetivamente, para desencorajar o início das hostilidades, evitando o sofrimento e o sacrifício trazidos pela guerra.

Baseado nos dignificantes exemplos do passado e no árduo trabalho do presente, estamos seguros que o futuro apresenta-se auspicioso. Em sintonia com o crescimento da Nação, hoje uma das maiores economias do mundo, e de acordo com as orientações emanadas da Estratégia Nacional de Defesa, permanecemos empenhados em poder contar com uma Força à altura da nossa relevância no cenário internacional e que seja possuidora de capacidades que garantam os interesses, não só na “Amazônia Azul”, como nas hidrovias e águas interiores.

Com essa visão, estamos procurando efetivar muitas metas de ampliação, renovação e modernização dos meios operativos, além da redistribuição, pelas diversas regiões do território, de unidades e organizações.

Dentro desse enfoque, ressalto a construção de quatro submarinos convencionais e um com propulsão nuclear, cuja consecução nos incluirá no seleto e muito pequeno grupo de Estados que detém tão avançada tecnologia. Acrescento a incorporação, prevista para breve, dos três Navios-Patrulha Oceânicos da classe “Amazonas”, com 1800 toneladas, que se juntarão aos Navios-Patrulha da classe “Macaé”, de 500 toneladas, dois dos quais estão prontos e cinco em construção em estaleiro brasileiro, o que reforçará, significativamente, a capacidade de vigilância nesse mar que nos pertence. Além do mais, cabe-me destacar a preocupação permanente com o preparo profissional, o bem estar social e a valorização das carreiras dos homens e mulheres que integram a Instituição.

Meus comandados!

Ao comemorarmos os cento e quarenta e sete anos da Batalha Naval do Riachuelo, em muitos rincões do País e em diversos locais no exterior, faz-se mister homenagear todos aqueles que, com arrojo e perseverança, superaram um quadro adverso e conquistaram uma importante vitória, contribuindo para a preservação da soberania da Nação.

Exorto-os a buscar, na grandeza daqueles exemplos, repletos de lições de abnegação e amor à Pátria, a inspiração para continuar à procura de novas soluções, repensando prioridades e utilizando, com parcimônia e eficiência, os recursos que dispomos, legando, aos que nos sucederem, uma Marinha à altura daqueles seus heróis.

Aos agraciados e promovidos na Ordem do Mérito Naval, gostaria de reiterar o preito de gratidão ao apoio dispensado em prol da nossa Força. Através desta singela cerimônia, reconhecemos o esforço e as atenções das senhoras e dos senhores.

Parabéns a todos!



JULIO SOARES DE MOURA NETO
Almirante-de-Esquadra
Comandante da Marinha


- Mensagem da Presidenta da República:
COMANDANTE DA MARINHA

Brasília, DF.
Em 11 de junho de 2012.


Assunto: Mensagem da Senhora Presidenta da República, Dilma Rousseff, por ocasião da comemoração do Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, Data Magna da Marinha, e da imposição da Comenda da Ordem do Mérito Naval.


A Marinha do Brasil celebra, uma vez mais, sua Data Magna, que nos evoca a Batalha Naval do Riachuelo, decisiva na campanha que culminou na vitória da Tríplice Aliança. O desenrolar da Batalha registrou feitos memoráveis, que se imortalizaram na memória de nossa nação.

Os heróis de Riachuelo cumpriram sua missão dando claras demonstrações de profissionalismo e bravura. Exemplos de qualidades próprias do povo brasileiro, como a capacidade de superação e a persistência, esses heróis escreveram, com amor à Pátria, uma página de nossa História.

A Marinha do Brasil tem honrado esta História. A atuação desta Força no apoio às ações de segurança pública no estado do Rio de Janeiro, em operações de defesa civil em diversos episódios de calamidade ambiental, nos contingentes de apoio à paz no Haiti e no Líbano e na assistência às populações ribeirinhas do Norte e do Centro-Oeste, por meio dos navios-hospitais, carinhosamente conhecidos como "Navios da Esperança", são excelentes exemplos.

Em especial porque desempenhadas sem prejuízo das atribuições de vigilância e proteção de nossas águas jurisdicionais, da "Amazônia Azul" e das extensas malhas hidroviárias das bacias dos rios Amazonas e Paraguai-Paraná, às quais nossos marinheiros e fuzileiros navais têm se dedicado com absoluto comprometimento.

Somos um país que defende a paz, que respeita a soberania das demais nações e que vive em harmonia com seus vizinhos há mais de 140 anos. Na atual ordem global, vimos assumindo uma posição político-estratégica que impõe ao Brasil novas atribuições e desafios na defesa da paz.

Sabemos que nosso papel na preservação da paz depende da capacidade dissuasória do Brasil. A atuação de nossas Forças armadas neste processo, seja por meio de missões sob a égide da ONU e da OEA, seja na defesa de nossas fronteiras e de nossa soberania, requer equipamentos de qualidade, prontos a serem utilizados, e pessoal adequadamente preparado e motivado.
Diante dessa realidade, os esforços de reaparelhamento da Marinha são uma exigência estratégica. O avanço do Programa de Desenvolvimento de Submarinos resultará na construção do almejado submarino com propulsão nuclear. Os investimentos que vêm sendo efetuados em novos navios-patrulha propiciarão o aumento da presença do Estado nas águas jurisdicionais, onde se situa a maior parte de nossas reservas de petróleo e gás.

Iniciativas como essas contribuirão para capacitar cada vez mais a Marinha a exercer, com a reconhecida competência, papel central na defesa de nosso país e de nossas riquezas.

Como Grã-Mestra da Ordem do Mérito Naval, cumprimento os agraciados com tão nobre comenda, que representa o reconhecimento pelo muito que já realizaram e pelo que ainda são capazes de fazer por essa exemplar Força e pelo Brasil. Estou segura que todos devem estar muito orgulhosos!

Dirijo-me, por fim, aos integrantes da Marinha, homens e mulheres, militares e funcionários civis, concitando-os a que, espelhados nos exemplos do Almirante Barroso e de tantos heróis de Riachuelo, mantenham a motivação, o profissionalismo e a dedicação. O progresso e o engrandecimento da nossa Marinha são parcela indissociável daquilo que desejamos para o Brasil.

Parabéns pela sua Data Magna!


DILMA ROUSSEFF
Presidenta da República Federativa do Brasil


Na sequência, o cerimonial procedeu ao içamento dos Sinais de Barroso.  Nas fases mais críticas da Batalha Naval do Riachuelo, o Almirante Barroso transmitiu ordens decisivas a seus comandados através de sinais que ficaram marcados na história.  Do navio em que se encontrava, o Almirante Barroso determinou o içamento da seguinte mensagem:  “o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”.  Após, determinou o içamento da segunda mensagem:  “sustentar o fogo que a vitória é nossa”.


Promoção de Militares:  O Capitão dos Portos de Santa Catarina e o Comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina realizaram a entrega de platinas e insígnias aos militares promovidos.
a) Promoção a Suboficial:
1º SG EL EDSON (CPSC)
1º SG MI SAMPAIO (CPSC)
1ºSG-MR ALENCAR
1ºSG-ES VEIGA

b) Promoção a Primeiro-Sargento:
2º SG ES FRED (CPSC)
2ºSG-AR SÉRGIO
2ºSG-EF GILMAR
2ºSG-ET MARCELO
2ºSG-MR WEMITON

c) Promoção a Segundo-Sargento:
3º SG AR MARCELO (CPSC)
3ºSG-HD TENFEN
3ºSG-FN-MO ROCHA
3ºSG-EL WANDERLEY
3ºSG-ES PANPHIRIO
3ºSG-ET MACIEL
3ºSG-MR HERNANE

d) Promoção a Terceiro-Sargento:
CB-EP LOPES

Declaração a Grumete:  o Comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina, no uso das atribuições que lhe confere o subitem 4.8 das Normas para o Curso de Formação de Marinheiros para a Ativa, aprovadas por portaria da Diretoria de Ensino da Marinha, resolve, declarar à graduação de Grumete, contando antiguidade a partir de 11 de junho de 2012, os Aprendizes-Marinheiros da Turma Echo/SC/2012.  Após, os Grumetes promovidos trocaram as fitas de seus chapéus de “Aprendiz-Marinheiro” para “Marinha do Brasil”.

Medalhas Militares - O Capitão dos Portos de Santa Catarina e o Comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina procederam à entrega de medalhas.  A
Medalha Militar, criada pelo Decreto nº 4238 de 15 de novembro de 1901, destina-se a recompensar os bons serviços prestados pelos oficiais e praças da Marinha em Serviço Ativo.  Agraciados:
- CC GUILHERME – medalha de 20 anos, com passador de prata;
- CT D´AVILLA – medalha de 10 anos, com passador de bronze;
- SO CARDOSO – medalha de 30 anos, com passador de ouro; e
- 2ºSG FRED - medalha de 20 anos, com passador de prata.


Transferência para a Reserva Remunerada da Marinha: 
- SO-MA SAMUEL; e
- 2SG-MO CARLOS.
Ao Suboficial SAMUEL e ao Sargento CARLOS foram transmitidos os agradecimentos do Capitão-de-Fragata FREIRE - Comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina - pelos excelentes serviços prestados à Marinha do Brasil, ao longo de seus 30 anos de atividade.


Finalizando a cerimônia, a tropa desfilou em continência ao Capitão dos Portos de Santa Catarina.


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